

No último jogo, em Foz de Arouce, fomos infelizes. Como seria possível tanta malapata junta?… A resposta chegou esta tarde, sob a forma de um saboroso empate “arrancado a mergulho” na difícil deslocação à gamela de Travanca de Lagos: a sorte estava afinal totalmente reservada para este jogo!
O onze possívelA ADCA apresentou o onze possível, com a sua estrela mais cintilante, Joel Rosa, sentado no banco de suplentes a ressacar, depois de uma duríssima noite de rasganço.
Tiago foi o guarda-redes. Miguel, Simão, Bruno Rodrigues e Joel Valença formaram o quarteto defensivo. À sua frente, a dupla de trincos Cabo e Bruno Pantufas. Na esquerda Elísio, na direita Bruno Santos e no meio Tiago Baptista, com a missão de dar apoio ao homem mais avançado, o veterano Aires.
Primeira parteO Travanca de Lagos cedo tomou as rédeas do jogo, tirando partido do factor casa. Perfeitamente rotinados a jogar num campo de reduzidíssimas dimensões, conseguiram gizar belos lances ofensivos e foi sem surpresa que se adiantaram no marcador à passagem dos vinte minutos de jogo, através de um fortíssimo remate de fora da área, na ressaca de uma bola mal aliviada pela defesa, e que não deu qualquer hipótese ao guarda redes Tiago. O guardião da Adémia já antes tinha sido posto à prova, adiando por duas vezes - com enorme classe, diga-se - o primeiro golo da equipa serrana. Numa tarde de intenso trabalho, Tiago esteve como sempre muito interventivo, nunca se cansando de incentivar os colegas e corrigir as suas movimentações (que bom seria que conseguisse corrigir também aqueles seus pontapés para a frente, que sucessivamente saíam pela linha lateral quando tentava lançar contra-ataques…). Ainda assim, esteve impecável entre os postes, e foi hoje o verdadeiro esteio da equipa, impedindo que a ADCA saísse da gamela vergada a uma pesada derrota.
Os lances de perigo junto à área da ADCA sucediam-se. Notoriamente agastado com as críticas acerca do seu último jogo, onde foi acusado de apenas servir para alisar o campo, o jovem Bruno Pantufas quis provar que também consegue desferir fortes pontapés no solo e acabou por conseguir cortar um lance de perigo sem sequer tocar na bola: com um pontapé apenas, escavou um buraco no chão e com o pó que daí resultou conseguiu turvar a visão ao avançado Travanquenho, que perdeu assim o esférico de vista e o lance gorou-se.
A Adémia esboçou em seguida uma pálida e tímida reacção. A melhor oportunidade de golo surgiu por intermédio de Cabo, que surgiu isolado em frente ao guarda-redes mas – quem diria -… atirou ao lado, após um bom passe de Tiago Baptista (já na posição de avançado após troca com Aires, que recuou no terreno para tentar dar mais força a um meio campo muito macio e nitidamente órfão de Joel Rosa).
Uma palavra para a actuação de Aires no centro do terreno, sempre muito combativo e não fazendo qualquer distinção entre colegas e adversários quando a hora era de “varrer tudo a eito”.
As alas da ADCA nunca funcionaram. Os defesas do Travanca de Lagos superiorizaram-se invariavelmente aos atacantes blues. Elísio, em tarde de franca desinspiração, nunca se conseguiu libertar da forte marcação do adversário directo. Na ala direita, Bruno Santos não esteve melhor. Sistematicamente travado em falta, acabou por se descontrolar e após uma entrada mais dura reagiu intempestivamente, atirando com um punhado de areia às pernas do defesa direito do Travanca, o que lhe valeu imediatamente a ordem de expulsão por parte do juiz da partida.
Segunda parteNa segunda parte a equipa reorganizou-se, passando a jogar em 4-4-1, com Bruno Pantufas a descair para a linha direita, com um duplo objectivo: por um lado, dinamizar o lado direito do ataque tirando partido da sua velocidade, e por outro deixar de estorvar no miolo do terreno. Mas depressa se percebeu que não era efectivamente o seu dia e acabou por ser substituído por Nuno Almeida poucos minutos volvidos. O panzer conferiu mais peso e agressividade ao meio campo da Adémia, mas ainda assim pertenceram ao Travanca as melhores oportunidades de golo, com Tiago a ver por duas vezes a bola embater com estrondo na barra da sua baliza. Do lado da Adémia, registo para uma perdida incrível de Tiago Baptista, que isolado em frente à baliza acabou por rematar com a sua famosa perna de pau, um remate que saiu fraco e enrolado, não conseguindo desfeitear o guarda-redes. Pouco depois, Tiago Baptista protagonizava junto à linha um curioso discurso com o defesa esquerdo do Travanca, que passo a reproduzir:
Defesa esquerdo do Travanca (DE): - "És tão lindo tu, ó pá!"
Tiago Baptista (TB): - "Olha, sou eu e a tua mãe!"
(DE): - …?
(TB): - "Sou teu pai, não sabias?"
(DE): - …
E depois foram à vida deles.... Pouco depois Tiago Baptista era substituído para dar o seu lugar a Piquet, “Crazy Frog”, que se viria a revelar um elemento preponderante no virar dos acontecimentos.
Com o aproximar do final da partida, o mister Teixeira arriscou tudo, sacrificou o defesa Miguel e fez entrar Virgílio para a frente de ataque.
O lance que muda a partida aconteceu pouco depois. A passe de Bruno Azias, Piquet isola-se e já dentro da grande área consegue sacar uma grande penalidade com um espectacular mergulho seguido de simulação de lesão, aproveitando a saída (limpa) do guarda redes adversário aos seus pés. Grande penalidade prontamente assinalada pelo árbitro e cartão amarelo para o guarda-redes. Chamado a converter, Nuno Almeida optou por marcar um penalty “estilo Cabo”, com a bola a sair fraca e aos saltitos junto à terra, mas a conseguir enganar bem o guarda-redes e a repor assim a igualdade no marcador, com este golo “caído do céu”