Tuesday, July 15, 2008

A entrevista que se exigia

Depois do brilhante campeonato realizado pela equipa da ADCA e de confirmada a saída de Joca e Teixeira do comando da equipa técnica, achei que a minha melhor despedida que poderia dar a este blog, seria uma entrevista com Joca.


Quais as expectativas que tinha para a época 2007/08?

(Joca) - Na verdade conhecia mal o plantel. Quem conhecia bem o plantel era o Teixeira. O que delineámos foi ganhar jogo a jogo, mas nunca pensando na subida de divisão.


O que foi pedido pela direcção da ADCA?

(Joca) - No inicio da época não foi pedido nada, apenas houve uma reprovação relativamente ás aquisições que fizemos (Zé Joaquim, Agostinho, Rafa, André e Gonçalo), pois na opinião da direcção, eram jogadores que, na sua maioria, provinham de um clube extinto e inferior á ADCA e que não acrescentariam nada á equipa.


O campeonato começou de uma forma extraordinária, com 3 jogos: 3 vitórias, 4 golos marcados e 0 sofridos, mas logo á 4ª jornada as dificuldade surgiram, que levaram ao abandono do comando técnico da equipa. O que precipitou este abandono, quando tudo estava a “sair” tão bem, com a equipa no 1º lugar?

(Joca) - A época começou de acordo com o que estávamos á espera. Depois do trabalho realizado na pré-época e dos resultados alcançados nos diversos jogos realizados nessa altura, só quem não viu esses resultados é que estranhou o nosso inicio do campeonato, que mostrou que éramos uma equipa muito forte e que estaríamos em posição para atrapalhar quem queria lutar pela subida.

O que se passou logo depois da 3ª jornada, não pode acontecer em lado nenhum, tendo o presidente se intrometido no trabalho da equipa sénior, e perante isso, a solução foi colocar o nosso lugar á disposição. Como avaliámos que não tínhamos condições para continuar a frente da equipa, decidimos abandonar o comando da equipa.

A grande força para voltarmos foi a união que equipa mostrou, que queria dar continuidade ao excelente trabalho que tínhamos vindo a fazer até ali. Não poderíamos deixar que meia-dúzia de pessoas estragassem esse trabalho e a verdade é que este episódio apenas resultou numa, ainda maior união do plantel, que quis mostrar a essas pessoas o seu querer e valor, o que ficou provado com apenas 2 derrotas, uma nessa semana conturbada com o Mocidade em casa, e outra apenas na segunda volta, na deslocação a Poaires.


Quais as maiores dificuldades sentidas durante o campeonato?

(Joca) - O plantel que encontrei era um plantel desequilibrado, e que apenas a força de vontade do mesmo permitiu suplantar esta barreira. O valor da equipa como “um todo”, sobressaiu em relação ao valor individual de cada jogador, o que levou a que o grupo funciona-se como uma verdadeira equipa que se tratava.


E quais os pontos fortes da equipa da Adémia?

(Joca) - O primeiro facto muito importante para o sucesso, foi a muito boa integração dos novos jogadores, que juntamente com os atletas que transitaram da época anterior, formaram um grupo muito forte e coesa. Foram acima de tudo um grupo de amigos, e que essa solidariedade se transpunha para a atitude em campo.

Caracterizaria a equipa da Adémia, com uma equipa que jogava muito bem fora de casa, trabalhando como um bloco coeso, não tendo sido por acaso que fomos a 2ª melhor defesa e o 3º melhor ataque. A regularidade foi a virtude que nos fez distinguir em relação ás restantes equipas.


De entre o grupo, quais os elementos que destacaria?

(Joca) - Pessoalmente não gosto de entrar no campo do individual, preferindo dar relevo ao grupo em si (que infelizmente acabou), mas realço 3 elementos: o Zé Joaquim, pela maturidade e consistência que veio trazer á defesa e equipa; O Bruno Santos, essencialmente pela primeira volta brilhante que fez, estando menos bem na 2ª volta mas que acabou por ser bem secundado pelo Tiago nessa altura; e o Paulo Rodrigues, pela capacidade de desequilíbrio que conseguiu incutir, foi um jogador fundamental. Mas volto a dizer que a equipa em si era muito forte.


E contas feitas, a vitória na série…

(Joca) - E que na minha opinião foi completamente merecida, fruto de muito trabalho, em que fomos conseguindo estorvar as equipas com “grandes” orçamentos, ultrapassando as expectativas de todos, incluindo da própria direcção que nunca acreditou na equipa. Estivemos sempre sós e apoiando-nos em nós próprios, para conseguir ganhar alguma coisa.

Em termos individuais não éramos a melhor equipa, e nesse aspecto talvez as mais fortes fossem a AAC, o SP Alva, o Coja e o Mocidade. Realço a recuperação feita pelo Poiares.

Mas o nosso valor como equipa prevaleceu.


Depois da vitória na série, chegou a desilusão dos dois jogos do apuramento de campeão. O que correu mal?

(Joca) - O pior jogo, foi o pior de toda a época, não sendo o facto de o terreno estar extremamente pesado, a desculpa para essa péssima exibição, mas talvez a inexperiência de alguns jogadores, que apenas tinham rotina e experiência de 1ª divisão, enquanto uma grande parte dos jogadores do Touring já tinha passado pela divisão de honra.


Apesar do 1-5, aos 90 minutos a equipa estava a perder por 1-3, o que era um resultado perfeitamente possível de superar na 2ª mão…

(Joca) - Mais uma prova da inexperiência, que teve muito peso neste primeiro jogo. Tenho também a convicção que alguns jogadores se sentiram inconscientemente traídos, pelo que se passou no jantar de comemoração de subida de divisão.


No segundo jogo já nada havia a ganhar…

(Joca) - Completamente! Não era impossível, mas muitíssimo difícil, em que o objectivo era de dar outra imagem da equipa, e que conseguimos, apesar da saída por lesão do Paulo Rodrigues logo aos 20 minutos.
No somar dos dois jogos, o Touring foi uma equipa superior e mereceu ganhar.


Balanço final?

(Joca) - Extremamente positivo, onde o único senão (e criticado pela direcção) foi o facto de terem sido inscritos cerca de 30 jogadores e terem acabado apenas 20, fazendo notar que alguns jogadores que abandonaram eram jogadores que já pertenciam ao clube. Apesar disto, todos foram utilizados.
Neste últimos 8 anos, nunca o ADCA teve uma equipa técnica que desse tantas alegrias a nível sénior, com esta realmente deu.


E depois de uma excepcional época como esta, o porquê de não dar continuidade na divisão de honra?

(Joca) - Rectificando o que foi transmitido pelo presidente, é mentira que eu e o Teixeira tenhamos recusado a continuar. O que nós fizemos foi apresentar um projecto que hoje posso divulgar e que constituía em: 7 jogadores iriam receber um valor X, 5 receberiam Y, outros 5 iriam receber Z e 5 jogadores juniores treinariam com a equipa sénior, podendo ser chamados a qualquer momento.
Este projecto foi apresentado á direcção, que depois de 3 reuniões rejeitou dizendo que não tinham poder financeiro para suportar. Acrescento o facto que o Teixeira se disponibilizou, juntamente com outra pessoa, a arranjar apoios para esse projecto, já tendo 4 empresas que lhe davam 1500€ (cada uma) por época.
Não aceitando o nosso projecto, só havia um caminho a seguir, que era sair da Adémia, com muita pena minha, reconhecendo que faríamos com 10 jogadores que transitariam desta época e outros 10 “novos” jogadores, um bom campeonato que passaria pela manutenção sem sobressaltos, reconhecendo que este ano irão descer 4 equipas da divisão de honra.


Mais uma subida…e uma vez mais não irá orientar a equipa na divisão de honra…

(Joca) - Essa é de facto uma verdade, embora reconhecendo que me deu mais gozo subir esta equipa, que a anterior (SP Alva).


E planos para o futuro? Alguma coisa em concreto?

(Joca) - Em concreto ainda nada, apenas diálogos, e no caso de voltar a orientar uma equipa da 1ª divisão, o meu objectivo passará por atingir uma nova subida.


Em tom de despedida, alguma coisa que gostaria de transmitir?

(Joca) - Ao plantel quero agradecer a todos, mesmo aos que abandonaram a época a meio. Uma palavra de apreço a todos os que ajudaram a equipa sénior, em especial ao Sr. Manuel Madeira, ao Valdemar e ao Sr. Euclides pelo trabalho que desenvolveram ao longo de toda a época.

A todos os sócios e simpatizantes que acreditaram em nós é um até breve, desde que haja “sangue-novo” no ADCA, a quem desejo a permanência na divisão de honra, desejando que não criem á futura equipa técnica, os problemas que criaram á minha.







Em nome da equipa sénior de 2007/08, agradeço ao Joca e ao Teixeira todo o empenho e dedicação que nos entregaram. Conseguimos!


Aproveito também eu para dar um abraço a todos os amigos que deixei na Adémia ao longo destes 12 anos, acima de tudo neste último ano e desejando boa sorte para os que ficam. Quanto a mim, já é hora de abandonar o clube.
COMO É QUE É? COMO É QUE É? COMO É QUE É?
GANHAR! GANHAR! GANHAR!

Almeyda4