Monday, November 30, 2009

ADC ADÉMIA 1 - 3 AA ARGANIL


29/11/2009 - 9ª jornada do Campeonato Distrital da 1ª Divisão da A.F.C. - Série A
Campo Ramos de Carvalho, Adémia.
Assistência: cerca de 40 espectadores.
Árbitro: Tiago Filipe Neto Silva.
Resultado ao intervalo: 0-2.

Onze 'blue': Micaia (por Carioca aos 65'); Elísio, Simão(c), Joel Valença e Yau; Márito (por Márcio "O Maluco" aos 60'), Lito, Tunga e Daniel; Cabo e Mamadú (por Cunha aos 35').

Suplentes não utilizados: "Cegueira", Mauro, Aguiar e Ferrão.
Treinadores: José Alberto e Zé Miguel.

Na tarde fria e chuvosa do último Domingo de Novembro, encontravam-se no relvado sintético do Ramos de Carvalho duas equipas com estados de espírito bem diferentes, em consequência dos resultados mais recentes de cada uma delas. De um lado, a equipa da Adémia que, após um inicio de época prometedor, vinha de duas derrotas consecutivas - sem marcar - em que, apesar de tudo, não se revelou inferior aos seus adversários mas que, ainda assim, deixaram marcas na confiança do conjunto. Do outro lado, estava a formação do Arganil que iniciou o campeonato de forma algo irregular mas que vinha subindo de rendimento, tendo inclusivamente goleado a equipa do Eirense na jornada transacta por 4-1. Esperava-se um jogo equilibrado e de resultado absolutamente imprevísivel.


Mais uma vez, a dupla técnica 'blue' viu-se obrigada a fazer alterações no onze inicial face às ausências forçadas de Tiago e Hélio, por lesão, Eugénio "Ernesto", por motivos profissionais e Bruno "Carniceiro" Santos, castigado com 5 (!!) jogos de suspensão na sequência da expulsão da jornada anterior. Além destas contrariedades, Ferrão, que seria aposta para o onze inicial, não se apresentava em perfeitas condições físicas. Assim, o 'mister' decidiu confiar a baliza a Micaia e, à sua frente, basear-se num esquema de 4x4x2. Na defesa, promoveu o regresso do jovem Yau para a esquerda, deslocando Elísio para o lado oposto e Joel Valença para o eixo, onde fez parelha com o intocável Simão. A construção de jogo no miolo ficou a cargo de Marito e Lito e as alas entregues a Tunga, do lado direito e Daniel, do lado esquerdo. Na frente, a aposta recaiu em Cabo, jogando no apoio directo àquele que seria o homem mais avançado da equipa, Mamadú.
Ainda no balneário 'mister' Zé Miguel distribuiu 'tabletes' de chocolate por todos os atletas para que estes o comessem antes da partida, pretendendo talvez evitar assim que, por algum motivo, o apetite de "levar chocolate" se manifestasse em campo.


A primeira parte foi claramente marcada pelo equílibrio entre as duas formações, com muita luta a meio-campo, poucos lances em que a bola foi jogada à flor da relva do ínicio ao fim e escassas oportunidades de golo. Pelos da casa, Daniel foi o mais - ou mesmo o único - rematador embora, por uma ou duas vezes, pudesse ter servido colegas em melhor posição para dar seguimento ao lance de ataque. Revelando alguma falta de agressividade e não conseguindo traduzir completamente o que lhe tinha sido pedido a nível táctico, Mamadú - que usufruiu de uma situação em que poderia ter feito bem melhor, já no interior da área pelo lado direito - foi inicialmente delocado para o lado esquerdo e mais tarde substituído pelo irrequieto Cunha. A equipa visitante criava perigo sobretudo através dos inumeros lances de bola parada de que dispôs na primeira metade, grande parte deles em consequência de faltas sofridas já no meio-campo adversário - não raras vezes após perdas de bola desnecessárias por parte dos 'blues' - e das quais foram saindo "amarelados" diversos jogadores ademienses. O jogo apresentava-se com algum ritmo mas perfeitamente amarrado, claramente a precisar de um golo, que poderia surgir para qualquer um dos lados. Acabou por ser para o lado dos verde-e-brancos quando, cerca dos 40', o avançado visitante recua no terreno para recuperar a bola a meio do meio-campo 'blue' e, dali, desfere um portentoso remate que entra junto ao poste esquerdo da baliza de Micaia. O golo, sentido com alguma injustiça pela equipa da casa, teve o efeito secundário de a intraquilizar durante os minutos finais da 1ª parte, que não poderia ter terminado de pior forma. Nos últimos segundos, Elísio comete falta junto à linha lateral já no ultimo terço de terreno, vendo cartão amarelo e, na sequência do livre, toca involuntariamente a bola com o braço - onde é que eu já vi isto?! - no interior da área, após falhar corte de cabeça. Grande penalidade e ordem de expulsão. Penalty convertido com classe e apito para o intervalo. De um momento para o outro tudo parecia estar perdido para a equipa da Adémia.

Ao intervalo, e perante um certo clima de desânimo no balneário, impunham-se ajustes na distribuição em campo da equipa ademiense. Assim, Joel Valença passou a ocupar a faixa direita da defesa, recuando Marito para a sua posição e Cabo para o meio-campo, cabendo a Daniel a ingrata da tarefa de lutar sozinho contra os centrais adversários. Em inferioridade numérica e a perder por dois golos de diferença, a tarefa da equipa da casa de dar a volta ao resultado na 2ª parte não se adivinhava fácil. No entanto, motivados pelo sentimento de que o resultado não traduzia o que se tinha passado na 1ª parte, os 'blues' entraram na etapa complementar com muita garra e atitude, conscientes também de que teriam que correr alguns riscos nas suas linhas mais recuadas. A primeira grande oportunidade acabou por pertencer à equipa forasteira, quando um dos seus dianteiros surge isolado pelo lado esquerdo mas, no frente a frente com Micaia, permite a defesa e, na recarga, atira ao poste. Poucos minutos volvidos, o golo esteve perto mas no extremo oposto do campo. Lito - que grande jogo! - executa excelente recuperação de bola ainda no terço defensivo do Arganil, passa por um adversário e tenta servir Cabo ao segundo poste mas o cruzamento sai ligeiramente mais largo do que o esperado. Por esta altura o jogo, totalmente aberto, era a antítese do que tinha acontecido na 1ª parte, e os lances perigosos multiplicavam-se, sem surpresa em maior quantidade para os visitantes. Foi num deles que surgiu o golo que dissipou todas as dúvidas. Jogada rápida pelo lado direito do ataque do Arganil em que Yau falha a dobra ao central Simão, permitindo que o nº10 adversário entrasse na área bem junto à linha de fundo e, após deixar o guardião 'blue' no chão, 'picasse' a bola para a cabeça de um colega, que só teve que encostar. Na sequência do lance, Micaia sofreu uma lesão no tornozelo com aparente gravidade e teve que dar lugar a Carioca, esgotando-se assim precocemente as substituições do lado ademiense, dada a entrada prévia d'O Maluco para o lugar de Marito. A partir daí a Adémia balanceou-se ainda mais no ataque e poderia ter reduzido pouco depois, vendo-lhe um golo anulado por fora de jogo de Simão, que suscitou muitas duvidas. A seguir foi Daniel que, após intervenção incompleta do keeper verde-e-branco num canto, atirou por cima da baliza deserta. A cerca de 15 minutos do final, nova contrariedade para os 'blues': Tunga, após sofrer uma falta, fica no chão em claras dificuldades. Pensou-se, pelos gritos de dor do angolano, que se pudesse tratar do início de trabalho de parto e que o 'reforço' permitisse nova igualdade numérica mas, na verdade, a equipa da casa ficou reduzida a 9 unidades até final do encontro, já que as dificuldades musculares não permitiram a reentrada do DJ. Mesmo com menos duas peças, os pupilos de José Alberto não viraram cara à luta, continuaram a dar o que tinham e o que não tinham e a discutir o jogo taco-a-taco com o Arganil, enquanto Carioca, com um punhado de excelentes intervenções, ia evitando o avolumar do resultado. A cerca de 5 minutos dos 90', a equipa 'blue' chega ao já mais que merecido golo, através de um remate colocado de Lito de fora da área. Por fim, já no período de compensação, após falha do central forasteiro, Simão - já ponta de lança - fica cara-a-cara com o guarda-redes mas atira a bola ao lado, ficando no entanto a ideia de que foi derrubado no momento em que o executa.

Consumou-se assim a terceira derrota consecutiva para a equipa da Adémia e, uma vez mais, ficou a clara sensação de que a formação 'blue' não é em nada inferior ao adversário. Apesar dos 10 pontos que agora a separam da liderança, o espirito de sacríficio que os seus atletas revelaram na 2ª parte - e, porque não, a qualidade individual de alguns? - permite conservar a esperança de poder ainda ter uma palavra a dizer relativamente à classificação final. Afinal, todas as equipas podem passar por fases menos boas. Quanto ao Arganil, embora longe de realizar uma partida de encher o olho - quer tecnica quer tacticamente -, mostrou ser uma equipa coesa, muito forte fisicamente e com alguns bons valores individuais que fazem a diferença, acabando por sair como a grande vencedora da jornada, após os empates do Mocidade (em Eiras) e do líder Lagares (na Pampilhosa).

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